IPOs no Brasil em 2020: valeu a pena investir?
Até o início de dezembro, 25 empresas realizaram seu IPO (oferta pública inicial, na sigla em inglês) na B3, a bolsa de valores brasileira, neste ano. Essas operações, que representam a primeira vez que ações de uma companhia são ofertadas em uma bolsa de valores, movimentaram cerca de R$ 31,7 bilhões.
Mas será que os investidores que delas participaram tiveram oportunidades de lucrar? É isso que procuramos responder ao analisar cinco desses IPOs, de empresas de diferentes segmentos. Essa análise não tem a intenção de demonstrar se um IPO é sempre atrativo, ou não. Apenas ajuda a entender que cada oferta pública inicial tem de ser avaliada isoladamente, com base nos fundamentos das empresas.
Muitas companhias que abrem capital obtêm grande valorização de suas ações em um curto espaço de tempo. Mas isso não é regra, como você poderá ver no levantamento a seguir.
Confira abaixo o comportamento dos papéis de cinco empresas que tiveram sua primeira aparição na B3 em 2020.
Locaweb (LWSA3)
Preço das ações da Locaweb ao longo do tempo
Dados e gráfico: br.tradingview.com
Essa empresa de hospedagem de sites foi uma das primeiras a realizar IPO em 2020, em 6 de fevereiro. Na ocasião, a oferta movimentou cerca de R$ 1,2 bilhão e as ações da companhia foram precificadas em R$ 17,25. Já no primeiro dia de negócios, as ações da empresa tiveram uma forte alta de 19,42%, cotadas a R$ 20,60.
Desde então, as ações da Locaweb se valorizaram de forma consistente, atingindo sua maior cotação em 5 de novembro, a um preço de R$ 76,43. Isto é, quem as comprou no IPO, e as vendeu nessa data, obteve um retorno bruto de aproximadamente 343%.
Segundo analistas do mercado, a valorização da Locaweb é reflexo dos avanços no uso de serviços de internet durante a pandemia, como a criação de sites e comércios eletrônicos.
Quando este texto foi escrito, por volta das 15h30 de 2 de dezembro, os papéis da Locaweb tinham preço de R$ 63,95, uma alta de aproximadamente 270% em relação ao preço de seu IPO.
Petz (PETZ3)
Preço das ações da Petz ao longo do tempo
Dados e gráfico: br.tradingview.com
A rede de produtos para animais Petz precificou em R$ 13,75 suas ações no IPO, que aconteceu em 9 de setembro deste ano.
No primeiro dia de negociação na bolsa, as ações da Petz valorizaram 21,8%, atingindo R$ 16,75. Houve, ainda, uma movimentação de R$ 3,03 bilhões realizada por mais de 39 mil investidores.
Desde então, as ações da empresa tiveram um bom desempenho, apresentando diversas altas diárias e chegando ao seu máximo até o momento em 27 de novembro, quando atingiram R$ 19,25, uma alta de 40% em comparação com seu valor de IPO.
Análises do mercado indicam otimismo quanto ao bom desempenho da Petz. Em outubro deste ano, o banco de investimentos BTG iniciou a cobertura da rede de petshops com recomendação de compra e destacou a boa gestão da companhia como um dos principais pontos positivos da análise.
Quando este texto foi escrito, por volta das 15h30 de 2 de dezembro, os papéis da Petz tinham preço de R$ 18,29, uma alta de aproximadamente 33% em relação ao preço de seu IPO.
Hidrovias do Brasil (HBSA3)
Preço das ações da Hidrovias ao longo do tempo
Dados e gráfico: br.tradingview.com
A empresa de soluções logísticas Hidrovias do Brasil decidiu precificar suas ações de IPO no piso de sua faixa estimada de preço, a R$ 7,56. A oferta aconteceu no dia 24 de setembro deste ano e movimentou cerca de R$ 3,4 bilhões.
As ações da companhia sofreram instabilidades ao longo dos últimos meses. Em 30 de outubro, os papéis da empresa tiveram sua maior queda, chegando a valer R$ 5,90, um recuo de aproximadamente 21% quando comparado com o valor estipulado em seu IPO.
Apesar do retrospecto ruim das ações desde seu IPO, a Hidrovias do Brasil pode apresentar melhora nos próximos meses e render bons frutos aos investidores. O BTG Pactual iniciou a cobertura da companhia em novembro e chamou atenção, entre outras coisas, para o forte posicionamento de mercado da empresa.
Quando este texto foi escrito, por volta das 15h30 de 2 de dezembro, os papéis da Hidrovias do Brasil tinham preço de R$ 7,45, uma baixa de aproximadamente 1,4% em relação ao preço de seu IPO.
Pague Menos (PGMN3)
Preço das ações da Pague Menos ao longo do tempo
Dados e gráfico: br.tradingview.com
Já no setor de produtos farmacêuticos, a rede de drogarias Pague Menos realizou seu IPO no dia 2 de setembro, com precificação de R$ 8,50 por papel – bem abaixo da faixa indicativa, que variava entre R$ 10,22 e R$ 12,54. A captação foi de cerca de R$ 858 milhões.
A maior alta das ações da empresa ocorreu dias após sua estreia na bolsa, em 3 de setembro, alcançando R$ 11,30. No começo de novembro, porém, mais especificamente no dia 3, as ações despencaram para R$ 8,02, uma baixa de aproximadamente 5,6% quando comparado com o preço do IPO.
Entretanto, a rede de drogaria pode apresentar melhoras futuras. O JPMorgan iniciou a cobertura da Pague Menos em outubro deste ano com recomendação overweight – performance acima da média do mercado. Para os analistas do banco de investimentos, os resultados fracos que a empresa apresentou foram frutos da má gestão anterior.
Quando este texto foi escrito, por volta das 15h30 de 2 de dezembro, os papéis da Pague Menos tinham preço de R$ 8,20, uma baixa de aproximadamente 3,5% quando comparado com o preço do IPO.
Grupo Mateus (GMAT3)
Preço das ações da Grupo Mateus ao longo do tempo
Dados e gráfico: br.tradingview.com
Dono do maior IPO do ano até o momento, a empresa de atacado e varejo Grupo Mateus captou R$ 4,63 bilhões em sua estreia na B3, em 13 de outubro. A ação saiu a R$ 8,97, no piso da faixa indicativa de preço.
Desde então, as ações da companhia apresentaram leves baixas diárias, com sua maior queda sendo registrada no dia 30 de outubro, quando os papéis atingiram R$ 7,80, uma baixa de aproximadamente 13%. No mês de novembro, os preços das ações recuperaram a forte queda registrada no final de outubro, mas mantiveram a baixa em relação ao preço de seu IPO.
O Grupo Mateus é mais um caso de possível melhora no desempenho futuro. A Ágora Investimentos iniciou a cobertura da empresa em novembro com recomendação de compra. A casa de análise vê com bons olhos o plano de expansão da companhia de atacado e varejo, o que possibilitaria a atuação em mais cidades na região de atuação da empresa.
Quando este texto foi escrito, por volta das 15h30 de 2 de dezembro, os papéis do Grupo Mateus tinham preço de R$ 8,09, uma baixa de aproximadamente 9,8% quando comparado com o preço do IPO.