Controle seus riscos ao investir em ações: como funcionam o “stop loss” e o “stop gain”
Imagine a cena: você tem R$ 10 mil investidos em ações de uma empresa na bolsa de valores. Sai do home broker para almoçar e, quando retorna, os papéis tiveram uma desvalorização de 5%. Em questão de duas horas, o valor investido perdeu R$ 500 em valor. E agora, o que fazer?
Esse tipo de volatilidade – ou até maior – é comum em ativos de renda variável, como ações, e pode tanto trazer boa rentabilidade rapidamente quanto te fazer perder dinheiro com a mesma velocidade, como no exemplo acima. Para diminuir esse risco, as plataformas contam com opções para venda automática das ações que podem ser programadas pelo investidor, impedindo que um momento desconectado derreta a sua carteira.
Conheça melhor como funciona o stop loss e o stop gain.
Volatilidade: amiga ou inimiga?
Que ações são ativos sujeitos a rápidas valorizações ou desvalorizações, a gente já sabe. Mas isso é bom ou ruim? Isso depende da estratégia de investimento. Quem opera com day trade ou swing trade, por exemplo, precisa de um mercado com volatilidade e liquidez.
Nessas estratégias, o investidor ganha (e perde) justamente com a volatilidade da bolsa de valores. Quando a estratégia é de day trade, estuda-se o potencial de valorização de uma ação, compra-se uma determinada quantidade de papéis e, normalmente, a vende no mesmo dia,; ou após alguns dias, se o investidor é um swing trader.
Para que a estratégia dê certo é preciso escolher papéis que oscilem de preço constantemente e que tenham liquidez. No final de 2020, o economista Carlos Heitor Campani, professor de finanças do Instituto Coppead de Administração da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppead/UFRJ), fez uma lista das 100 ações mais voláteis da b3, a bolsa de valores brasileira.
Em entrevista ao portal CNN, o economista explicou que os papéis mais voláteis foram aqueles que tiveram 80% ou mais de volatilidade ao longo do ano. Em alguns casos, as ações passaram de 100% de volatilidade, o que significa que em algum momento suas ações perderam – ou ganharam – valor de mercado. Confira alguns exemplos:
Ações mais voláteis da B3 em 2020
Gol Linhas Aéreas – 116,90%
Azul – 116,60%
PETRO RIO – 113,60%
CVC BRASIL – 111,90%
LOJAS MARISA – 101,60%
No caso da maioria das empresas acima, infelizmente, a variação foi para baixo. Empresas aéreas e de turismo foram algumas das que mais sofreram pelos efeitos das medidas de distância social e restrições às atividades comerciais trazidas pela Covid-19.
Quem tinha papéis de empresas como essas precisou, em algum momento, escolher o momento de deixar a posição e diminuir as perdas. Essa decisão é o primeiro passo da programação do stop loss.
Como definir quando acionar o stop?
O funcionamento das funções stop loss e stop gain são simples: basta escolher uma ação e definir em qual patamar de perda ou de ganho o sistema deve dar a ordem automática de venda. Mas qual é o melhor momento?
A regra é seguir os mesmos fundamentos do momento de escolher uma ação: analisar o cenário. Existem duas formas de estudar uma oportunidade no mercado acionário. Day traders costumam seguir a análise técnica, estudando os gráficos das ações para projetar sua valorização ou desvalorização, enquanto quem investe pensando no longo prazo costuma seguir o método fundamentalista. Nele, o investidor estuda a empresa em detalhes e interpreta seus números de balanço e perspectivas do segmento para escolher se compra ou não os papéis.
Confira neste texto mais diferenças entre os métodos de análise!
Porém, independentemente do método escolhido, cabe ao investidor calcular o quanto ele espera que a ação deve valorizar em um determinado período de tempo e quanto de prejuízo está disposto a aceitar.
Exemplo: depois de analisar um lote de papéis de uma companhia aérea, o investidor chega à conclusão que, devido à desvalorização recente, ela está “descontada”, isto é, negociada a preço abaixo do que vale de fato, e que pode crescer 10% em curto prazo. Ele, então, compra um lote de ações e define o “stop gain” em um valor 10% acima. Porém, ele sabe que é um papel de alta volatilidade, então precisa reduzir ao máximo seu risco de exposição e define o “stop loss” também em 10%.
Nessa operação, se em qualquer momento a ação subir 10% ou cair 10% o sistema dará automaticamente a ordem de venda. Desse ponto em diante, só resta ao trader esperar que as suas expectativas estejam corretas.
Negócio de risco
Apesar das ferramentas de stop, a estratégia de trade diário ainda é considerada de altíssimo risco, que muitos perseguem acreditando no mito de que farão fortuna do dia para a noite. Em 2019, Fernando Chague e Bruno Giovannetti, ambos pesquisadores da FGV, realizaram um levantamento encomendado pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários) que mostrou que é quase “impossível viver de day trading”.
A dupla analisou as operações de mais de 19 mil traders e revelou que apenas cerca de 7% conseguiram persistir nesse tipo de estratégia por mais de 300 pregões da bolsa (ou cerca de um ano de atividade) e que 91% tiveram prejuízos financeiros. O grupo analisado perdeu, junto, mais de R$ 68 milhões no ano – ou cerca de R$ 35 por investidor, diariamente. Alguns traders, no entanto, chegaram a perder mais de R$ 1 mil em um dia.
Por isso é importante entender que, apesar de ferramentas como o stop loss para ajudar a diminuir as perdas, operar no mercado de renda variável requer muito estudo, maturidade e pensamento de longo prazo.
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