Qual o cenário da bolsa para dezembro?
Depois de um ano tumultuado, o próximo mês para os mercados de ativos de risco pode ser de otimismo, impulsionado pelas vacinas para o novo coronavírus cada vez mais desenvolvidas. No entanto, para a bolsa brasileira, o cenário interno ainda deve pesar em dezembro, como indica o analista de renda variável da Ouro Preto Investimentos, Bruno Komura.
“Passadas as eleições municipais, vamos conseguir tocar reformas?”, questiona. “Elas são muito importantes para lidarmos com o problema fiscal”. As reformas administrativa e tributária estão empacadas no Congresso brasileiro, enquanto a pressão com orçamento, também ainda não aprovado, pesa sobre as contas públicas.
A previsão para a votação do orçamento público de 2021 ficou só para março. Ao mesmo tempo, os investidores devem continuar monitorando a situação de um possível novo programa social, o chamado Renda Cidadã. “Com isso, ainda vamos ver esse tema influenciar nos mercados no começo do ano que vem”, acredita Komura.
Lá fora
Se as eleições norte-americanas foram a estrela de novembro, as atenções para a política nos EUA devem arrefecer em dezembro. A insistência do presidente Donald Trump em não reconhecer a vitória do adversário Joe Biden não deve assustar os investidores.
“Uma coisa seria se a eleição tivesse sido apertada”, conjectura o especialista. “Mas é muito pouco provável que Trump consiga contestar a vantagem consolidada do democrata”.
Por fim, as otimistas perspectivas em relação às vacinas contra o novo coronavírus devem continuar puxando os mercados para cima. A Pfizer, que já afirmou que seu produto apresenta eficácia de 90% contra covid-19, também estima que ele chegue ao Brasil em março. Enquanto isso, a CoronaVac, do Instituto Butantan, está prevista para dezembro.
“Com isso, deve haver rotação das ações, com migração para setores antes afetados pela pandemia”, analisa Bruno. “Isso é bom para o Ibovespa, que tem grande peso de Petrobras, Vale e bancos”.
Retrospectiva
Para o analista da Ouro Preto Investimentos, nem tudo foi perdido no ano de 2020 quando falamos do mercado de ações. Com os desafios e mudanças trazidos pelo ano, tendências sofreram acelerações e a crise deixa lições.
“No varejo, por exemplo, o uso da tecnologia deixa uma percepção melhor para o cliente, com serviços e produtos competitivos”, afirma. “A indústria de bens de capital sofreu bastante, mas também deve se normalizar”.