Para onde vai o dólar em 2021 e qual é sua importância no mercado financeiro?
Segundo a nova edição do boletim Focus, divulgada na última segunda-feira (4), os economistas consultados pelo Banco Central mantiveram a projeção de cotação do dólar em R$ 5,00 para o final de 2021. Já para o ano que vem, a previsão recuou de R$ 4,55 para R$ 4,50.
Os especialistas do departamento de análises econômicas do Itaú Unibanco estão ainda mais otimistas: a projeção aposta na moeda norte-americana cotada a R$ 4,75 neste ano. Para o banco, o cenário global favorável aos ativos de risco e à redução da incerteza fiscal no Brasil contribuirão para a queda.
Bruno Komura, analista de renda variável da Ouro Preto Investimentos, segue a projeção do BC. “Acredito mais em 2021 mantendo um patamar de R$ 5,00. Há espaço para melhora neste ano e em 2022, mas ela não virá tão rápido. Teremos uma época ainda de bastante volatilidade neste ano, especialmente nos primeiros meses. De um lado temos uma grande quantidade de dinheiro vindo para os emergentes, mas não é um investimento de longo prazo. Pode ir embora tão rápido quanto veio. Além disso, o Brasil ainda está com sérias dificuldades fiscais, que nós descobriremos no primeiro trimestre. Contudo, ao longo do ano, a expectativa é que o Brasil volte a crescer. A vacina deve relaxar as medidas de distanciamento e a retomada que já se viu no setor industrial deve também chegar ao de serviços”, explica.
O analista também coloca a conjuntura internacional como favorável para um câmbio estável e dólar um pouco mais desvalorizado ao longo do ano. “A China deve continuar crescendo, puxando nossas commodities; e nos EUA, Biden deve implementar estímulos e liquidez no mercado internacional, seja por meio do FED ou do Congresso. Essa fartura de dólares tende a enfraquecer a moeda no mundo inteiro e, naturalmente, facilitará a manutenção de um câmbio com real mais forte”, afirma.
Essa projeção de que a flutuação do dólar deverá ficar sob controle em 2021 traz alívio para os brasileiros. Você sabe por que isso acontece?
Dólar é referência mundial
Não só os turistas que sonham em viajar para a Disney são afetados pelo sobe-e-desce da moeda norte-americana, mas todo o mercado financeiro sente a pressão — ou o alívio — causada pela variação do real ante o dólar.
Contudo, nem sempre pertenceu ao dólar o posto de referência internacional. Após o início da Revolução Industrial, em meados do século 18, a Inglaterra — berço do movimento — era a maior potência mundial e, portanto, a libra esterlina era a estrela entre as moedas.
Após as duas grandes guerras mundiais, por volta de 1945, o Reino Unido cedeu o lugar a outro país. Os Estados Unidos, que também estiveram do lado vencedor do conflito, financiaram grande parte da reconstrução europeia e japonesa, um dos fatores responsáveis por fazer do país o mais rico do mundo.
Pelo mesmo motivo, daí em diante o dólar assumiu naturalmente o posto de referência entre as moedas, por apresentar garantias maiores e menos incertezas em relação às demais.
Importância no mercado financeiro
A confiabilidade alcançada pela moeda norte-americana é um dos pilares de sua importância para o mercado financeiro. O euro, por exemplo, também é uma moeda bem valorizada, mas não apresenta a mesma segurança e, por isso, a maioria dos países possui “poupanças”, as chamadas reservas monetárias, em dólar.
Além disso, a maior parte das transações internacionais são feitas em dólar: além das garantias já apresentadas, o fato de a moeda ser um padrão internacional facilita as negociações entre nações diferentes.