Quais são as prioridades da agenda econômica do Brasil em 2021?
O ano que se inicia traz desafios importantes para a equipe do ministro Paulo Guedes. O fantasma da pandemia ainda assombra o país e projetos importantes da agenda econômica do Brasil que foram prometidos para 2020 ainda não entraram na pauta do congresso.
Segundo o analista de renda variável da Ouro Preto Investimentos, Bruno Komura, a recuperação da economia não será exatamente em “V” neste ano e a recuperação estará diretamente ligada à chegada da vacina. “Para chegar em níveis pré-crise ainda demorará um pouco. O setor de serviços está bastante defasado e a recuperação neste ano, em geral, foi puxada pela indústria. Para voltarmos a falar de crescimento será indispensável a imunização de uma parcela relevante das pessoas”, explica.
Para Komura, a volta de 100% da queda sofrida pela bolsa em 2020 mostra que as perspectivas podem ser positivas para este ano. “A economia não voltou ainda, mas a recuperação da bolsa é uma luz no final do túnel. Porém, ela só deve decolar quando a crise sanitária der indícios de que está ficando para trás, o que dependerá da vacina. Acredito que neste ano a bolsa deve alcançar 130 mil pontos. O mercado arrisca que bateremos 150 mil, mas sou cético. Dependerá das reformas que só serão discutidas quando o congresso voltar, em fevereiro”, analisa.
Reformas e privatizações na agenda econômica
Segundo Bruno, a votação da PEC Emergencial (PEC 186/2019, que regulamenta o teto de gastos do governo), a reforma administrativa (PEC 32/2020, que define novas bases para a contratação dos servidores públicos) e o projeto “ousado” de privatizações devem fazer parte da agenda econômica do Brasil neste ano e trazer ânimo para o mercado. “São projetos que entraram em discussão neste ano e ficaram para 2021. A agenda de privatizações, como da Eletrobras e dos Correios, está sofrendo bastante resistência, mas o mercado é a favor, principalmente porque traria uma melhor governança para essas empresas”, afirma. Outra reforma essencial na visão dele é a tributária, que tem como objetivo simplificar o sistema de impostos, substituindo cinco tributos (PIS, Cofins, IPI, ICMS e ISS) pelo Imposto sobre Bens e Serviços (IBS). “Será um importante estímulo para a economia. Além disso, outras medidas como impostos sobre dividendos ou grandes fortunas também ajudariam na distribuição de renda e na geração de empregos, problemas crônicos do Brasil”, explica.
Outra questão importante na agenda econômica de 2021 é o término do auxilio emergencial. Atualmente, o Projeto de Lei n° 5495, encaminhado nas horas finais deste ano, prorroga o benefício até março, mas ainda não foi aprovado. De qualquer forma, para o segundo trimestre o auxílio não deve mais estar disponível para milhões de brasileiros. Para evitar que a medida tenha efeitos negativos nas eleições presidenciais de 2022, Bruno acredita que o governo pode buscar saídas populistas. “Em vez de seguir com o auxílio, o governo pretende aumentar o valor do Bolsa Família, ganhando popularidade principalmente no nordeste. Porém, o Ministério da Economia deverá ser resistente e buscar o controle de gastos. Simplesmente aumentar o Bolsa Família traz crescimento para o varejo, mas pode gerar inflação, algo que o brasileiro tem trauma. Por isso, a equipe do Paulo Guedes tende a evitar este descontrole”, avalia Komura.
Pelo lado dos investidores, Bruno acredita que 2021 traz boas perspectivas para a renda variável. “Antes as pessoas só tinham poupança e produtos como CDB, mas com os níveis baixos da Selic, investimentos como esses se tornam pouco atrativos. Agora, até quem tem perfil mais conservador deverá reservar uma parte da carteira para ativos mais agressivos”, prevê o analista.
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