O que esperar para a reunião do Copom na semana que vem?
A reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) na próxima semana pode significar um novo aumento na taxa Selic, que atualmente é de 13,25%.
Desde o início do ano, o comitê já elevou a tarifa de juros em quatro pontos porcentuais. De acordo com especialistas, ainda há chances para mais elevações na taxa, com previsão de elevação de 0,5 ponto percentual até o final de 2022.
Dessa forma, a reunião do órgão para a próxima semana é esperada pelos investidores, que ficarão atentos a cada sinal emitido pelo Banco Central. Consequentemente, qualquer alteração na Selic pode refletir diretamente na economia.
Perspectivas para a reunião do Copom
Apesar da decisão do Copom ser anunciada somente na próxima quarta-feira (3), a expectativa é que haja um novo aumento na taxa Selic.
Essa elevação já era esperada pelos agentes financeiros desde a última reunião, quando o comitê sinalizou que estava avaliando uma nova alta nos juros.
O embasamento para essa decisão leva em conta o cenário interno e o externo. Por aqui, pesa o resultado da inflação dos últimos 12 meses, que já ultrapassou a casa dos dois dígitos.
Para conter esse movimento, o Banco Central já elevou a taxa Selic quatro vezes este ano. Essa decisão começou a causar um leve efeito.
De acordo com o último Boletim Focus, o agravamento da inflação tende a dar uma trégua, ao menos esse ano. No entanto, para 2023, o mesmo relatório prevê um movimento em sentido contrário. Ou seja, se as previsões se confirmarem, é certo o estouro do limite da meta, com inflação ultrapassando a casa dos 5%.
Nesse sentido, o mercado já trabalha com a “desancoragem de expectativas”, já que o centro da meta para o próximo ano é de 3,25%, com teto de 4,75%.
O que justifica o possível aumento?
Parte desse movimento pode ser explicado pela aprovação da PEC dos benefícios, que acentuou a pressão sobre os riscos fiscais.
O montante desse projeto é de R$ 41,25 bilhões e será custeado por meio de crédito extraordinário, fora do teto de gastos. Esses gastos comprometem ainda mais as contas públicas e aumentam a escalada do risco fiscal no Brasil.
O possível aumento da tarifa segue alinhado com o processo de deterioração do ambiente externo, que passa pelo temor de recessão e alta generalizada dos preços.
Para retomar o controle dessa situação, o Fed divulgou na última quarta-feira (27) uma nova alta nos juros, entre 2,25% a 2,50% ao ano. A decisão foi tomada de forma unânime pelo colegiado.
Vale destacar que quando as taxas de juro sobem nos Estados Unidos, costuma haver migração dos investimentos de mercados emergentes, tipicamente arriscados, para comércios seguros, como os norte-americanos.
Nesse cenário, alguns países, como o Brasil, elevaram suas taxas de juros na tentativa de segurar e atrair investidores internacionais. Diante desse contexto, a expectativa do mercado é de manutenção da Selic em alta por muito tempo.
Para os bancos Goldman Sachs e UBS BB, o Copom não deve subir a Selic além de 13,75%. No entanto, é provável que as taxas se mantenham em patamares elevados por mais tempo a fim de combater a inflação. A expectativa é de que o comitê comece a cortar juros apenas no segundo ou terceiro trimestre de 2023.