Como a crise econômica argentina impacta o mercado brasileiro
A Argentina está enfrentando uma grave crise econômica. Em setembro, a taxa de inflação anual do país atingiu 78,5%, a maior em três décadas. Além disso, segundo o BCRA (Banco Central da República Argentina), a alta deve chegar a 94,1% para os próximos 12 meses.
Brasil e Argentina são grandes parceiros comerciais. Apenas em 2021, o superávit nos negócios entre os dois países ultrapassaram US$ 22 bilhões em importações e exportações.
Dessa forma, como a crise econômica argentina impacta o mercado brasileiro?
Consequências no mercado nacional
Segundo a Secex (Secretaria de Comércio Exterior), as exportações do Brasil para a Argentina somaram US$ 8,9 bilhões entre janeiro e julho deste ano. Esse valor equivale a um aumento de 34% em relação ao ano passado.
No entanto, apesar do saldo positivo, a inflação da Argentina é preocupante. Pelo fato dos “hermanos” realizarem diversos acordos com o Brasil, a crise econômica deles pode impactar negativamente no nosso mercado.
Entre os principais setores que podem ser afetados estão as indústrias automobilísticas, de metal, máquinas, entre outros. Contudo, o Brasil exportou US$ 2,23 bilhões em carros e autopeças nos primeiros sete meses de 2022, segundo a Secex.
Dessa forma, ocorre uma possibilidade no aumento no custo de aquisição desses produtos. Em consequência, ambos os países podem diminuir a quantidade dos seus acordos.
Além da indústria automobilística, outra área que deve ser afetada é o turismo. Apesar do fluxo maciço de brasileiros na Argentina devido à desvalorização do peso, espera-se menos argentinos no Brasil.
Problemas internos
Não são apenas os impactos no mercado externo que a Argentina pode encarar. O país continua preocupado com uma maior desvalorização de sua moeda, que acumulou mais de 30% apenas neste ano.
Outra consequência da grave crise econômica no país são os desafios para encontrar dólares. Para converter o peso à moeda americana, o ágio no câmbio está a 160%. A última vez que o país passou por essa alta de conversão da sua moeda para o dólar foi durante um período de hiperinflação entre 1989 e 1990.