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Como funcionam as classes de cotas nos FIDCs
Os FIDCs, ou Fundos de Investimento em Direitos Creditórios, são estruturas que vêm ganhando espaço no mercado por permitirem acesso direto a operações de crédito privado. Seu funcionamento envolve a compra de recebíveis originados por empresas e instituições financeiras.
Entender como funcionam as classes de cotas nos FIDCs é essencial para avaliar o grau de proteção de cada investidor, a lógica por trás das remunerações e os riscos envolvidos em cada camada. Neste artigo, você vai aprender o papel das cotas sênior, mezanino e subordinada, além de entender quem investe em cada uma, como ocorre o pagamento e o que observar na hora de escolher um fundo com essa estrutura.
Como funcionam as classes de cotas nos FIDCs
Todo FIDC é composto por cotas, que representam a participação do investidor nos resultados do fundo. Essas cotas são divididas em diferentes classes e, como consequência, cada uma tem um nível distinto de risco e prioridade no recebimento dos pagamentos. Em termos simples, quem assume mais risco recebe depois em caso de inadimplência, mas pode obter uma remuneração consideravelmente maior.
Geralmente, os FIDCs seguem uma estrutura que pode conter até três camadas: subordinada (Junior), mezanino e sênior. Dessa forma, quanto mais alta a posição da cota na estrutura, maior sua prioridade na distribuição dos recursos e menor sua exposição a perdas.
Cotas Subordinadas (Ex.: Junior)
As cotas subordinadas ficam na base da estrutura. Por esse motivo, são as primeiras a absorver prejuízos em caso de inadimplência dos créditos que compõem o fundo. Naturalmente, isso faz com que carreguem o maior nível de risco entre todas as classes de cotas.
Normalmente, quem adquire esse tipo de cota são os próprios originadores dos recebíveis ou partes diretamente ligadas à operação. Ao fazer isso, demonstram confiança na qualidade da carteira e ajudam a proteger os demais cotistas. Em contrapartida, a remuneração tende a ser maior, pois está atrelada ao desempenho excedente do fundo.
Além disso, essa cota tem um papel estratégico na estrutura do fundo. Ela funciona como um mecanismo de alinhamento de interesse e como uma camada de proteção para os investidores das classes superiores. Esse conceito é conhecido no mercado como subordinação ou first loss.
Remuneração: variável, vinculada ao desempenho do fundo
Risco: alto
Perfil: originadores, estruturadores, investidores com alta tolerância ao risco
Cotas Mezanino
Nem todos os FIDCs oferecem essa classe, mas quando presente, a cota mezanino atua como um elo entre a subordinada e a sênior. Ela assume riscos depois da subordinada, mas ainda antes da sênior. Portanto, representa uma camada intermediária de risco.
Esse tipo de cota é útil para distribuir o risco de forma mais equilibrada entre investidores. Em muitos casos, atrai investidores profissionais que aceitam um risco moderado em troca de uma remuneração mais interessante do que a da cota sênior. Além disso, sua volatilidade tende a ser menor do que a da cota subordinada.
Remuneração: CDI + spread ou taxa acordada
Risco: moderado
Perfil: investidores profissionais, parceiros estratégicos
Cotas Sênior
A cota sênior ocupa o topo da estrutura de capital do fundo. Em outras palavras, ela tem prioridade no recebimento dos pagamentos, sendo remunerada antes das demais. Além disso, conta com as camadas subordinadas como escudo contra inadimplência e perdas da carteira.
Devido ao seu perfil mais protegido, é a cota preferida de investidores institucionais, como seguradoras, fundos de pensão e bancos. Sua rentabilidade é, na maioria dos casos, prefixada ou atrelada ao CDI com um spread determinado.
Remuneração: prefixada ou CDI + spread
Risco: baixo a moderado
Perfil: investidores conservadores, fundos institucionais, family offices
Como a remuneração de cada cota é definida
A remuneração de cada classe é determinada com base na sua posição dentro da estrutura do fundo. Ou seja, quanto maior o risco que a cota assume, maior a sua expectativa de retorno. O oposto também se aplica: quanto mais protegida a cota, mais estável tende a ser sua rentabilidade.
Além disso, no caso das cotas subordinadas, a remuneração pode estar atrelada à performance líquida do fundo ou ao resultado excedente após o pagamento das demais cotas. Já as cotas sênior geralmente possuem rentabilidades mais previsíveis. Por isso, é essencial que o investidor leia o regulamento do fundo antes de tomar qualquer decisão.
Por que entender essa estrutura é tão importante
Saber como funcionam as classes de cotas nos FIDCs é essencial para quem deseja avaliar corretamente o equilíbrio entre risco e retorno de um fundo de crédito estruturado. Mesmo que dois FIDCs apresentem carteiras semelhantes, suas estruturas de cotas podem ser muito diferentes, o que impacta diretamente o nível de segurança da cota sênior e a exposição dos demais investidores.
Além disso, a proporção entre as classes é um dos pontos técnicos mais relevantes. Por exemplo, um fundo que possui uma porcentagem elevada de cotas subordinadas oferece uma camada extra de proteção para os cotistas da cota sênior. Isso tende a tornar o fundo mais resiliente em cenários adversos.
Conhecimento técnico que protege suas decisões
Compreender a estrutura de cotas é um passo essencial para quem deseja investir com critério em FIDCs. Ao analisar a divisão entre classes e a lógica de remuneração, o investidor consegue enxergar além da rentabilidade bruta e avaliar a solidez e o nível de governança do fundo.
Na Ouro Preto Investimentos, estruturamos FIDCs com diferentes níveis de subordinação, sempre com foco em proteção, alinhamento de interesses e retorno ajustado ao risco. Nossa atuação visa oferecer produtos robustos tanto para o investidor mais conservador quanto para quem está disposto a assumir mais risco em busca de performance.
Se o seu objetivo é investir com consistência, comece pela base técnica. Saber como funcionam as classes de cotas nos FIDCs é um diferencial que pode transformar sua tomada de decisão.









