Como a produção industrial afeta a economia e os investimentos?
A indústria brasileira recupera, aos poucos, os níveis de atividade experimentados antes do início da pandemia de Covid-19. Após sete altas consecutivas, em novembro de 2020, a produção da indústria nacional acumulou um avanço de 40,7%, em comparação aos patamares pré-Covid-19, superando as perdas de 27,1% registradas entre março e abril, os meses com as medidas mais rigorosas de distanciamento social.
Os dados, que fazem parte da PMI (Pesquisa Industrial Mensal) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), divulgada em 8 de janeiro, mostram ainda que o setor supera em 2,6% o registrado antes da pandemia, em fevereiro do ano passado. No início deste mês deve ser divulgado o valor referente ao acumulado de 2020, que deve também mostrar esse bom momento.
Já em 2021, para Bruno Komura, analista de renda variável da Ouro Preto Investimentos, a indústria deve continuar forte, mas com desaceleração em relação a 2020. “A produção subiu bastante em 2020 por conta do aumento do consumo e do varejo em geral, enquanto o de serviços não cresceu. Para esse ano, acredito que a indústria deve diminuir um pouco o ritmo enquanto o setor de serviços se recupera”, afirma o analista, que não projeta essa expectativa para este mês. “Imaginamos esse cenário para o segundo trimestre, pois a alta dos casos de Covid-19 voltaram a aumentar as restrições desde dezembro, segurando todos os setores. Porém, o cenário-base que imaginamos é o de crescimento, principalmente se não tivermos nenhum problema de âmbito fiscal com as eleições do congresso”, destaca Bruno.
O que o desempenho e expectativas positivas para a indústria significam para a economia do país e também para os investidores brasileiros?
Como avaliar uma economia?
Para responder a essa pergunta, primeiro é preciso esclarecer como é possível avaliar a saúde e o crescimento econômico do Brasil. Nesse contexto, um dos principais indicadores disponíveis é o PIB (Produto Interno Bruto), que mede o total de bens e serviços produzidos no país em um determinado período de tempo.
Como os bens são produzidos nas indústrias, o crescimento no volume de produção tende a afetar positivamente o PIB e pode indicar que outros setores ligados a ela, como os serviços e o comércio, também sigam a tendência positiva.
Além disso, a alta no setor industrial também encontra possibilidades mais indiretas para afetar o indicador. O aumento no salário de trabalhadores, por exemplo, tem o potencial para impulsionar o comércio e serviços.
O efeito em cadeia que o crescimento da produção industrial é capaz de ocasionar demonstra como o bom desempenho desse setor pode aquecer a economia como um todo.
Como a produção industrial afeta os investimentos?
Apesar de o comportamento do mercado financeiro não estar necessariamente atrelado ao desempenho da economia real, os indicadores industriais podem impactá-lo, especialmente nos produtos de renda variável.
O crescimento da produção industrial indica boas perspectivas para o consumo de bens, o que, por sua vez, anima os investidores e movimenta o mercado acionário. Novamente, o movimento pode ter um efeito em cadeia e transmitir a “animação” até mesmo para o mercado de fundos, especialmente os de ações e multimercado com perfis mais agressivos.
Antes de sair apostando em ações ligadas à indústria, no entanto, é necessário cautela, pois um bom desempenho geral desse setor nem sempre significa que todos os segmentos que o compõem também tiveram performances positivas. Identificar quais são mais promissores é uma das chaves para aumentar a rentabilidade dos investimentos.
Ainda de acordo com a última PMI, por exemplo, enquanto o segmento de veículos automotores, reboques e carrocerias disparou 11% em novembro, o de produtos alimentícios caiu 3,1% e acumulou redução de 5,9% na soma de dois meses consecutivos de queda.
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