Fiagros e FIIs: veja quais são as diferenças e qual pode ser o melhor investimento para você
Há anos, o agronegócio está posicionado como o principal pilar estratégico para a economia do Brasil. O PIB (Produto Interno Bruto) do setor avançou 8,36% em 2021, frente a 2020, e alcançou participação de 27,4%, a maior taxa desde 2004, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da USP (Universidade de São Paulo). Essa fatia era de 20,5% dois anos antes.
Na esteira de resultados como esse, investidores de renda variável podem usufruir de uma nova opção há quase um ano: os Fiagros (Fundos de Investimento em Cadeias Agroindustriais).
A Lei 14.130/2021 institui esse novo instrumento para que o setor do agronegócio possa captar recursos no mercado financeiro, com as estimativas da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) de que R$ 700 bilhões podem ser atraídos por este mercado.
Apesar de a aprovação do PL ter ocorrido em junho, esses papéis começaram a ser disponibilizados para negociação na B3 apenas em outubro. Antes, em agosto, houve ainda a autorização e regulação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para a comercialização dos fundos.
Nesse curto espaço de tempo, esses papéis se destacaram. Até o início de junho de 2002, 22 Fiagros eram negociados na bolsa de valores brasileira.
Entretanto, por ser algo relativamente novo, ainda há muitas dúvidas sobre essa modalidade. Quais são as diferenças deste produto para os tradicionais fundos de investimento imobiliários (FIIs)? Entre os FIIs e os Fiagros, qual pode ser a melhor opção para o meu investimento? Vamos responder essas e outras questões a seguir.
Quais são as principais características dos Fiagros?
Fundos de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais (Fiagro) aplicam em ativos de investimentos do agronegócio, sejam eles de natureza imobiliária rural, sejam de atividades relacionadas à produção do setor.
São ativos de renda variável, pois seguem a dinâmica de cotas e rendimentos comum a fundos imobiliários, ou seja, rentabilidades passadas não garantem rentabilidades futuras.
A maior parte dos Fiagros disponíveis atualmente foca em ativos de “papel”, ou seja, investe em Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) ligados ao setor e em títulos de crédito privado do Agronegócio (CRAs), assim como em Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) ou do Agronegócio (LCAs), entre outros.
Fiagros podem ser negociados nas seguintes categorias:
- Direitos Creditórios (FIAGRO-FIDC): voltados para a agroindústria que apliquem em direitos creditórios, constituído nos termos da ICVM 356;
- Participações (FIAGRO-FIP): fundos de investimento em participações em sociedade, constituídos nos termos da Instrução CVM 578.
- Imobiliários (FIAGRO-FII): voltados para ativos imobiliários e títulos constituídos nos termos da Instrução CVM 472.
As duas primeiras categorias de Fiagros são destinadas a investidores qualificados e/ou profissionais, enquanto o Fiagro-FII pode ser acessado pelo público em geral (investidores de varejo).
Fiagros-FII podem ser divididos em duas categorias: de equity, voltado para compra direta de terras e/ou imóveis atrelados ao setor agrícola; e de dívida, que aplica recursos em instrumentos de dívida, como os CRAs e LCAs, ainda que também possam investir seus recursos em CRIs com lastros em imóveis rurais.
Diferenças e semelhanças entre Fiagros-FII e FIIs
A principal diferença entre Fiagros e FIIs consiste nos ativos que os fundos investem. Os FIIs focam no setor imobiliário como bens imóveis, CRIs, LCIs, LHs e LIGs, enquanto os Fiagros procuram oportunidades para investimento em ativos agrícolas.
Ambos possuem as mesmas vantagens como a isenção do Imposto de Renda (IR) sobre os rendimentos para pessoas físicas e a cobrança de 20% sobre o ganho de capital para pessoas físicas e jurídicas.
A gestão, no que se refere às taxas de administração e performance e outros regramentos tributários, também se assemelha muito ao que regula a comercialização dos FIIs.
Mas há diferenças: enquanto os FIIs são obrigados a distribuírem 95% dos rendimentos no semestre, os Fiagros não têm essa condição. Gestores podem regular a política de distribuição por meio de regulamento.
Na comparação entre os retornos, os Fiagros não têm ainda um índice de referência (track record) que dê o parâmetro médio dos produtos negociados no mercado. Já o Ifix, que mede o desempenho médio dos fundos de investimentos imobiliários, caiu 2,19% em 2021.