O que significa spread bancário e como ele afeta a economia em geral?
Provavelmente, você já ouviu falar em spread bancário, principalmente devido ao ciclo de alta da taxa Selic em vigor desde março, mas você sabe o que significa esse termo? Ele está relacionado aos juros que você paga, quando precisa de um empréstimo, por exemplo, e com o quanto você lucra quando decide investir.
Em termos práticos, o spread bancário significa a diferença financeira entre o que o banco paga a um investidor para obter os recursos e o que ele cobra para emprestar esses mesmos recursos, ou seja, a diferença entre a taxa de empréstimo e a taxa de captação.
Se o spread bancário está alto, isso significa que as pessoas têm acesso ao crédito de maneira mais limitada e isso afeta a eficiência, a produtividade, o desenvolvimento e o crescimento da economia em todo o país.
De acordo com as estatísticas monetárias e de crédito do Banco Central (BC), divulgadas em 26 de novembro, o spread bancário médio situou-se em 15,3 p.p. no mês de outubro, com altas de 0,7 p.p. em relação a setembro e de 0,8 p.p. na comparação interanual.
Para entender um pouco melhor sobre como o spread bancário afeta o seu dia a dia e os seus investimentos, vamos a um exemplo de cálculo:
Suponha que você, como investidor, deixe seu dinheiro render na poupança a uma taxa de 5% ao ano. O banco, ao coletar esse dinheiro e remunerar esse percentual, empresta os seus recursos para o financiamento de uma outra atividade econômica, com uma taxa de empréstimo de 15% ao ano.
Nesse caso, o cálculo a ser feito seria de 15% – 5% = 10%. Esses 10% representam o quanto o banco lucraria com essa operação ao ano, ou seja, o spread bancário, enquanto você ganha a rentabilidade de 5%.
O último levantamento realizado sobre países com maiores spreads bancários ao redor do mundo antes da pandemia de Covid-19 apontou o Brasil como segundo lugar num ranking com 92 nações.
Os bancos explicam que, por conta do risco de crédito ao liberar o empréstimo, os altos juros precisam ser cobrados, já que são calculados por variáveis como a taxa de inadimplência, os custos administrativos, os tributos e os depósitos compulsórios.
Entenda cada item que compõe o cálculo do spread bancário:
Taxa de inadimplência: A cobrança dessa taxa incorre sobre pessoas ou instituições que não retornam ao banco o dinheiro cedido em forma de empréstimo.
Custos administrativos: Essa quantia custeia parte dos salários e despesas com funcionários que os bancos têm.
Tributos: O Imposto de Renda (IR), o Imposto sobre Operação Financeira (IOF), o Programa de Integração Social (PIS), o Financiamento da Seguridade Social (COFINS) e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) impactam no valor do spread bancário.
Depósitos compulsórios: O Banco Central (BC) retém parte de depósitos captados por outros bancos e destina parcela desses recursos para o Fundo Garantidor de Créditos (FGC), para controlar o volume de dinheiro em circulação no território nacional.
Bancos tradicionais são predominantes no setor
Os altos juros cobrados têm fundamento na altíssima concentração bancária brasileira em cinco instituições: Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Bradesco, Itaú e Santander. Juntos, representaram 81,8% de todo o empréstimo nacional no Brasil em 2020, segundo dados divulgados pelo Banco Central (BC) em junho deste ano.
Estima-se que as maiores economias do mundo, EUA e China, tenham essa concentração em torno de 40% apenas.
O número expressivo, entretanto, apura um recuo de 1,9% em relação ao informado sobre 2019, quando os cinco grandes bancos representavam 83,7% dos empréstimos tomados em todo o país.
A diminuição dessa taxa ocorre de maneira lenta, mas pode ser uma tendência para os próximos anos com o avanço de bancos e serviços financeiros digitais. A entrada desses novos concorrentes pode otimizar o setor, além de que a redução da carga tributária e uma maior eficiência para a recuperação de crédito dos inadimplentes também poderiam contribuir pela queda do spread bancário no Brasil.
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