Mercado de investimento 3.0. Como funciona?
Alguma vez ao receber a recomendação de um investimento você ficou na dúvida se aquela era realmente a melhor opção para a sua carteira ou, na verdade, era o melhor para as metas do agente que o recomendava? Se a resposta for sim, você não está sozinho.
Aliás, esse conflito de interesse é que o tem forçado um movimento que pode revolucionar o modo como se investe e fazer o mercado passar a outro patamar no país: o investimento 3.0. Porém, entender esse processo passa por lembrar do que era o mercado antes e como ele é agora.
1.0
Com uma arquitetura comandada pelos bancões, há alguns anos, o investidor ficava preso às opções de investimento da instituição na qual era cliente. Se quisesse outras alternativas, invariavelmente, tinha que abrir conta em outro banco.
Desta forma, as opções de investimento eram restritas e o cliente acabava adquirindo produtos que, geralmente, estavam atrelados mais às metas financeiras do banco do que dele próprio.
2.0
Depois, chegou a época das corretoras de investimentos. Uma mudança grande que trouxe, especialmente, mais opções de produtos ao investidor.
Apesar desta melhora, ainda assim hoje, muitas vezes, o objetivo final também não é única e exclusivamente aqueles da carteira de quem contrata os serviços da corretora.
Isso acontece porque a cultura de investimento no país está apoiada no modelo conhecido como commission-based (baseado em comissão).
Neste caso, a comissão das corretoras ocorre a partir de comissões embutidas nas aplicações financeiras, a taxa de rebate.
A instituição financeira e seus representantes não são remunerados diretamente pelo cliente, ou por montar uma estratégia conforme o perfil do investidor.
A remuneração acontece, na verdade, por meio da indicação de uma determinada aplicação. Como produtos diferentes têm taxas diferentes, cria-se um ambiente conflitado, em que o investidor nunca sabe se a sugestão da corretora é realmente a melhor para ele.
O conflito de interesses está no fato de que a instituição financeira precisa gerar lucros a partir de seus serviços prestados ou produtos vendidos, independente do cliente.
Mas a pergunta que fica é: como conseguir solucionar esta questão?
O futuro 3.0
O grande desafio para um novo modelo é sanar o conflito que ocorre na relação dos clientes com suas corretoras, bancos e outras instituições e se baseia num processo distorcido em que diferentes produtos de investimentos têm diferentes taxas.
O mercado tem apontado para a superação do comission based a implantação do fee based (baseado em taxa).
Neste cenário, a cobrança da taxa de gestão tem um único valor. Nesses casos, os conflitos de interesses são eliminados justamente porque não são acrescidas comissões para a instituição ou para os assessores.
Esse modelo tem a capacidade de trazer maior transparência sobre custos, serviços e transações. E o esforço será somente para encontrar os investimentos que mais se ajustem aos objetivos da carteira e do perfil do cliente, já que independente do investimento a taxa de gestão será a mesma.
Com isso, o cliente tem mais transparência nas operações e o mercado fica menos engessado com possibilidades maiores de crescimento.