A incrível trajetória de Luiz Barsi, o “rei da bolsa”
Ao ver aquele senhor de cabelos brancos chegando ao seu escritório no centro de São Paulo, muita gente sequer imagina que se trata de um dos maiores investidores pessoa física da bolsa de valores brasileira, carinhosamente conhecido no mercado financeiro como “O rei da bolsa”. Seu nome é Luiz Barsi Filho e ele começou sua vida engraxando sapatos. Hoje, sua fortuna é estimada em R$ 2 bilhões.
Filho de imigrantes espanhóis, Barsi viveu grande parte de sua infância em um cortiço no bairro do Brás. Para ajudar a mãe, ele começou a trabalhar aos sete anos de idade, como engraxate. Também vendeu balas no cinema e depois trabalhou como aprendiz de alfaiate.
Foi aos 14 anos que começou a estabelecer uma relação mais íntima com aquilo que mudaria sua vida. O desejo de ter uma boa aposentadoria e o fato de estar trabalhando em uma corretora de valores fizeram o jovem começar a investir parte de seu salário na bolsa – hábito que mantém até hoje. Logo graduou-se como técnico em contabilidade e, mais tarde, se formou em ciências atuariais, direito e economia.
A fórmula mágica
A estratégia de investimentos de Luiz Barsi é simples, porém requer paciência e determinação. A galinha dos ovos de ouro do empresário são os dividendos. Isto é, Barsi compra ações de uma empresa, acreditando em potenciais projetos de sucesso de longo prazo e participa da distribuição dos lucros dessas companhias.
Dessa maneira, o objetivo dele não é revender as ações no futuro, mas virar sócio da empresa e receber seus dividendos – uma parcela do lucro distribuída aos acionistas. Essa técnica necessita de um bom controle de ansiedade e — muita — disciplina.
Caminhando a passos pequenos
No começo de sua trajetória, em 1970, Barsi decidiu que começaria investindo na Cesp, a Companhia Energética de São Paulo. Quando alcançou sua meta de adquirir 100 mil ações da empresa — conquista que realizou comprando uma certa quantidade de ações a cada mês —, ele já podia começar a trilhar novas “aventuras” pela bolsa de valores.
Algum tempo depois, o “rei da bolsa” — apelido que ganharia mais tarde — já tinha o suficiente para fazer a estratégia de reinvestimento, ou seja, era possível comprar novas ações com o lucro das ações já investidas.
Com mais de 50 anos de experiência no mercado financeiro, Luiz Barsi atualmente tem a sua “querida” carteira de investimentos, em que certas empresas já ocupam sua posição há décadas. As ações do Banco do Brasil, por exemplo, empresa na qual é o maior acionista individual atualmente, começaram a ser compradas em 1972. Outras companhias, como Klabin, Suzano, Grupo Ultra, Itaúsa, Transmissão Paulista, Eternit, Unipar Carbocloro e Braskem, também fazem parte de sua seleção.