Como ficam os meus investimentos com a Selic a 13,25% ao ano?
Na quarta-feira (15), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) elevou a taxa básica de juros Selic em 0,50 p.p., de 12,75% a 13,25 a.a. – o 11º acréscimo consecutivo, desde que o ciclo de alta se iniciou em 17 de março de 2021, e o maior patamar para a taxa desde dezembro de 2016.
O movimento tende a impulsionar algumas opções de investimento e desfavorecer outras, de acordo com analistas do mercado financeiro, ao passo que o colegiado da autoridade monetária já prevê novo reajuste altista, de igual ou menor magnitude para a próxima reunião.
“O Comitê nota que a crescente incerteza da atual conjuntura, aliada ao estágio avançado do ciclo de ajuste e seus impactos ainda por serem observados, demanda cautela adicional em sua atuação”, disse o BC, em nota.
Neste cenário, ainda composto por projeções médias de uma inflação de 8,89% ao ano, segundo o Boletim Focus, os investimentos em renda fixa e aplicações financeiras indexadas à Selic como CDBs (Certificado de Depósito Bancário), títulos privados e títulos do Tesouro Direto terão seus rendimentos elevados.
Tenha em mente que contribuem para o momento difícil da macroeconomia brasileira:
- a guerra entre Rússia e Ucrânia, que se prorroga por mais de 100 dias e afeta a cadeia global de suprimentos e os preços de commodities no mercado internacional;
- a trajetória de altas da inflação e dos juros nos EUA; e
- as desconfianças em torno do crescimento econômico chinês, ameaçado pelas políticas Zero Covid-19 implementadas pelo governo local;
- além disso, a proximidade das eleições presidenciais brasileiras de outubro inspira cautela igualmente.
Veja abaixo como ficarão as rentabilidades das principais modalidades de investimento disponíveis ao longo dos próximos 45 dias de vigência da Selic a 13,25% a.a.
Títulos públicos e privados
Como dissemos acima, os investimentos em renda fixa e aplicações financeiras indexadas à Selic apresentarão rendimentos maiores. Dentre eles, títulos públicos e privados.
O simulador da plataforma Yubb aponta que os maiores retornos estimados entre as debêntures incentivadas, títulos de crédito privado, emitidos por empresas de variados setores para financiar projetos e a atividade; e Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) e do Agronegócio (LCAs).
Os cálculos revelam que as debêntures incentivadas apresentam um rendimento de 14,99%, com a vantagem de ser um investimento isento de Imposto de Renda (IR). O mesmo vale para LCIs e LCAs que rentabilizam 13,28% e 12,89%, respectivamente, igualmente sem descontos por tributação. Os dois últimos investimentos contam ainda com a proteção do FGC (Fundo Garantidor de Crédito).
Já o Tesouro Selic rentabiliza 10,52% em valores líquidos, enquanto CDBs de bancos tradicionais podem trazer um rendimento de 7,89%, com a incidência do Imposto de Renda (IR).
Fundos de investimentos
De olho na renda variável, você não precisa abrir mão de seus investimentos nesse segmento, apesar da forte volatilidade que o mercado financeiro atravessa atualmente. Siga as movimentações do cenário macroeconômico com cautela e modere estratégias para adequar a sua carteira e torná-la mais resiliente.
Fundos de investimentos, em geral, são boas alternativas porque a função de acompanhar métodos, que, de maneira individual, poderia ser difícil, se torna um pouco mais fácil com o acompanhamento de uma gestão profissional.
Um levantamento da plataforma Economatica aponta que, num período de doze meses até o fim de maio, os fundos multimercado se desvalorizaram em 3,21%, enquanto os fundos de investimento imobiliários (FIIs) perderam 10,37%. Mas títulos públicos indexados ao IPCA, o dólar, BDRs e até mesmo o Ibovespa apresentaram quedas significativas de 6,39%, 19,11%, 22,17% e 21,04%, respectivamente.
Entretanto, no recorte do início do ano até maio, os FIIs desempenharam uma valorização de 3,79%. Contribuem para esse cenário, por exemplo, maiores índices de mobilidade social, o que influencia positivamente os números do comércio.
O setor de shoppings, dentre os fundos “de tijolo”, tende a ser mais resistente agora que a retomada econômica caminha para se consolidar após o fim de um período mais difícil da pandemia de Covid-19.
Ações
Apesar da forte volatilidade, a B3, a bolsa de valores brasileira, ainda oferece grandes oportunidades, sobretudo para quem busca boas empresas que são fortes pagadoras de dividendos.
De acordo com um levantamento da plataforma Economatica, publicado no site e-investidor, oito empresas remuneram seus acionistas com dividendos acima dos 13,25% da taxa Selic. Veja:
Empresa |
Código | Dividend Yield (DY) |
Petrobras |
PETR4 |
40,06% |
Petrobras |
PETR3 |
39,36% |
CPFL |
CPFE3 |
18,56% |
Copel |
CPLE6 |
18,27% |
Marfrig |
MRFG3 |
16,95% |
Metalúrgica Gerdau |
GOAU4 |
16,75% |
Braskem |
BRKM5 |
16,39% |
Bradespar | BRAP4 |
14,62% |
Empresas que podem se beneficiar neste momento de alta da Selic estão ligadas aos setores de agronegócio e energia elétrica. E, ainda, bancos e papéis ligados a commodities tendem a desempenhar boa valorização.
Poupança
Muito popular entre os brasileiros, a caderneta de poupança segue com a adesão de 23% das 52 milhões de pessoas que investiram em algum produto financeiro no ano de 2021, de acordo com a 5ª edição do Raio-X do Investidor Brasileiro, pesquisa anual da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) realizada em parceria com o Datafolha.
A caderneta de poupança pode ser encontrada facilmente nos grandes bancos e oferecem liquidez imediata, além de contar com a garantia do Fundo Garantidor de Créditos (FGC) de até R$ 250 mil por grupo financeiro.
Mas sua rentabilidade se afasta cada vez mais da apurada entre as demais opções de investimentos. Isso porque, desde 2012, os ganhos obtidos com essa opção de investimento passaram a depender do patamar dos juros.
Na época, o Governo Federal mudou as regras para quem mantém aplicações na poupança. Desde então, chama-se “antiga poupança” aquelas que tinham depósitos realizados até o dia 3 de maio daquele ano.
Quem manteve o dinheiro nesse tipo de caderneta conta com rendimento de 0,5% ao mês mais a Taxa Referencial (TR), zerada desde 2017. Por ano, o retorno total é de 6,17% e livre de imposto de renda.
No formato atual, se a taxa Selic ultrapassar o nível de 8,5% ao ano – como está agora -, o rendimento da poupança se calcula a partir de 0,5% sobre o valor depositado somado à TR. Porém, caso a taxa caia desse patamar, a poupança rende apenas 70% da Selic, mais a TR.
Com a Selic a 13,25%, um investimento de R$10 mil aplicados na poupança poderia render 7,84% – ou R$ 784 – em um ano, de acordo com um cálculo realizado por uma ferramenta da plataforma Yubb. Mas a regra da “poupança atual” paralisa a remuneração de 0,5% ao mês, num descompasso entre as demais que continuam a subir.