Como está o desempenho dos fundos de BDRs em 2022?
A partir de um levantamento realizado pela Economatica para o jornal Estadão, foi registrado uma fuga de 75 dos 82 fundos de ações de pessoas físicas. O estudo foi realizado em junho deste ano e analisou movimentos entre janeiro e maio de 2022.
Liderando as primeiras posições desse ranking, estão os fundos de ações ligadas a BDRs (Brazilian Depositary Receipts).
Nesse contexto, o Safra Consumo Americano Fic FIA Ações BDR Nível I, da gestora Safra Asset Management, registrou a maior fuga de investidores. De 28,8 mil cotistas no final de 2021, o número diminuiu para 16,9 em maio de 2022. Dessa forma, cerca de 41% dos investidores deixaram o fundo de ações nos últimos cinco meses.
Em segundo lugar no ranking vem o BB Ações Esg Globais Fic FIA Bdr Nível I, da BB DTVM. O fundo de BDRs perdeu cerca de 29% de investidores, passando de 18,1 mil para 7,2 mil entre janeiro e maio deste ano.
Na terceira colocação está o Trend Bolsa Americana FIA, que teve uma debandada de 37,9 mil cotistas em cinco meses. Os números foram de 151,3 mil investidores no final de 2021 para 113,3 mil em maio.
O que explica o movimento?
Os BDRs são títulos representativos de ações ordinárias negociadas na bolsa de valores. Eles são emitidos por companhias estrangeiras que desejam listar suas ações na bolsa brasileira e, assim, ter acesso ao mercado financeiro local.
Dessa forma, diante do cenário econômico atual, não é por acaso que os três primeiros fundos com as maiores debandadas estejam vinculados a BDRs.
Para compreender o que explica esse movimento, primeiro é necessário entender como está o cenário atual em âmbito cambial como na bolsa americana. Isso porque, embora o BDR facilite a vida do investidor que deseja comprar ações no exterior, eles não oferecem proteção contra essa variação.
Tendo em vista que os BDRs são investimentos atrelados ao dólar, isso pode ser um problema. Nesse sentido, os movimentos de queda da moeda americana são negativos para quem tem essas ações. Dessa forma, a desvalorização da bolsa americana pode impactar diretamente no desempenho dos fundos de BDRs.
Diante desse cenário, é importante lembrar que o real tem passado por um processo de valorização nos últimos meses. Em contrapartida, entre janeiro e maio de 2022, o dólar apresentou queda de 16%.
No mesmo contexto, as bolsas norte-americanas S&P 500 e Nasdaq registraram os piores desempenhos dos últimos 50 anos. As quedas foram de 13,30% e 22,78%, respectivamente, em cinco meses deste ano.
Isso significa que esses movimentos de queda no dólar e na bolsa americana são negativos para quem tem BDRs. Afinal, é possível perder nas duas pontas, seja com a desvalorização das ações no exterior ou com a queda da moeda americana.
Sendo assim, esses dois fatores acabam contribuindo para impactar a performance dos fundos de BDRs e estimular uma debandada ainda maior dos investidores para outros tipos de ativos financeiros.