A crise do varejo está afetando os fundos de ações?
Os fundos de ações são uma das principais escolhas para as pessoas que desejam investir em renda variável. Isso porque, eles são administrados por um gestor e permitem que os investidores invistam em um portfólio diversificado de ações, sem precisar escolher e comprar as ações individualmente.
No entanto, nos últimos tempos, a indústria de fundos de investimentos em geral viu mais dinheiro sair do que ser aplicado.
Segundo dados da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), os fundos de investimento registraram resgates líquidos de R$ 64 bilhões no mês de maio deste ano.
Todas as classes de fundos tiveram retiradas líquidas, sendo o fundos de ações um dos mais representativos, com R$ 9,4 bilhões em retiradas.
Na esteira de ações em queda, o setor varejista possui grande destaque, de modo a refletir diretamente no fundo de ações de varejistas.
Neste artigo, vamos analisar porque os fundos de ações de varejistas estão sendo afetados e o que isso significa para os investidores.
O que está causando a crise do varejo?
Desde o início da pandemia do coronavírus, o varejo sofreu com a queda nas vendas. Muitas lojas tiveram que fechar as portas e muitos trabalhadores foram demitidos.
Com a crise do varejo, muitas das principais empresas do setor estão enfrentando dificuldades.
Especialistas apontam diversas causas para esse cenário desafiador. A principal delas é a queda do poder aquisitivo da população, que tem sido afetada pelo aumento da inflação e pelo aumento do custo de vida. Por conta disso, as famílias estão reduzindo seus gastos em bens não essenciais.
Taxa Selic a 13,25% a.a.
Outro ponto que cabe destaque diz respeito à elevação da taxa Selic, que representa a taxa básica de juros da economia. No último mês, a Selic atingiu o maior patamar em cinco anos, o que fez com que os fundos de renda fixa tivessem um desempenho melhor do que os fundos de ações.
A elevação da taxa Selic afeta ainda outras esferas da economia, fazendo com que empresas do setor de varejo, por exemplo, tenham dificuldade de obter crédito e financiar seu crescimento.
Nesse contexto, as ações das empresas do segmento varejista vem enfrentando fortes quedas e isso afeta diretamente os fundos de ações.
Isso ocorre porque as ações de varejo tendem a ser mais sensíveis às condições econômicas do que outros tipos de ações.
Quando as pessoas estão preocupadas com a economia, elas geralmente gastam menos dinheiro em itens não essenciais, como roupas e eletrônicos. Isso leva a uma queda nas vendas e nos lucros das varejistas. Como resultado, as ações dessas empresas tendem a cair em valor.
As ações do Magazine Luiza, por exemplo, são uma das mais impactadas pelo atual ciclo de alta nos juros e inflação. As ações da companhia reportam queda superior a 50% somente em 2022.
No mesmo caminho, os ativos da Via, dona da rede Ponto e das Casas Bahia, acumula queda de aproximadamente 50%.
As ações das Americanas também revelam o cenário difícil enfrentado pelas varejistas, especialmente após a divulgação do balanço referente ao quarto trimestre de 2021, que trouxe números decepcionantes. No acumulado de 2022, a companhia já amarga uma desvalorização superior a 30%. Em junho as ações atingiram a menor cotação dos últimos anos.
Tudo isso tem contribuído para uma queda nos lucros dessas empresas e, como consequência, queda também na performance dos fundos de ações das varejistas.