Tripé macroeconômico: o que significa e como impacta nos investimentos?
Historicamente, a economia brasileira sempre esteve sujeita às flutuações do mercado. Nesse sentido, a metodologia conhecida como tripé econômico foi instituída para estabilizar as principais variáveis da economia e alcançar o crescimento sustentável.
Essa ferramenta passou a ser aplicada no final da década de 1990, após a volatilidade da economia ser controlada pela criação do Plano Real. O conceito é baseado em três pilares que envolvem elementos relacionados a câmbio, inflação e metas fiscais.
A seguir, veja o funcionamento desse tripé e saiba como ele pode impactar nos seus investimentos.
O que é o tripé macroeconômico?
O tripé macroeconômico é uma ferramenta usada pelos governos para estabilizar a economia e alcançar o crescimento sustentável.
No Brasil, ele foi instituído por Armínio Fraga, presidente do Bacen (Banco Central), em 1999.
Com o intuito de gerenciar as diretrizes econômicas, o tripé se baseia em três pilares fundamentais: câmbio flutuante, meta de inflação e meta fiscal.
No intuito de manter o controle econômico e das condições financeiras no país, cada um deles tem um papel específico na economia. No entanto, todos funcionam de forma interdependente.
A seguir vamos entender cada um desses elementos:
Câmbio Flutuante
O câmbio flutuante estabelece que a taxa de câmbio (preço da moeda estrangeira em relação à moeda nacional) varia de acordo com a oferta e demanda de cada país.
Ou seja, se houver mais compradores do que vendedores da moeda estrangeira, a taxa sobe, pois os compradores terão que pagar mais caro para a aquisição.
No entanto, se houver mais vendedores do que compradores, a taxa cai, pois os vendedores aceitam receber menos pela moeda estrangeira.
Sendo assim, com o câmbio flutuante, o Bacen faz apenas intervenções pontuais quando é necessário conter oscilações abruptas da moeda.
Metas de Inflação
As metas de inflação no Brasil são estabelecidas pelo Bacen para orientar a política monetária. Essas metas têm como objetivo manter a inflação em um determinado patamar, visando garantir que os preços se mantenham estáveis.
A cada ano, o CMN (Conselho Monetário Nacional) determina um valor central para a meta de inflação. A faixa de tolerância varia em torno de 1,5%, para cima ou para baixo.
Em 2022, por exemplo, a meta de inflação é de 3,5%. Levando em conta o limite superior e inferior, esse aumento poderia ficar em uma faixa que varia entre 2% a 5%.
Para manter a inflação dentro da meta estipulada, o Bacen lança mão de uma ferramenta da política monetária conhecida pelos investidores, a taxa Selic.
Metas Fiscais
Por fim, completando a última perna do tripé, temos as metas fiscais determinadas pelo Congresso através da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).
As metas fiscais no Brasil referem-se ao objetivo do governo em arrecadar determinada quantia de impostos durante um período de tempo.
Em geral, essas estimativas são divulgadas anualmente e servem como uma espécie de plano para que o governo consiga cumprir seu limite de déficit orçamentário.
Além disso, as metas fiscais também impactam a economia do país, pois podem influenciar nos investimentos estrangeiros e no crescimento da produção nacional.
Impacto do tripé macroeconômico nos investimentos
Não é atoa que o tripé macroeconômico tem grande importância para a economia de um país. Afinal, o cumprimento das metas fiscais, cambiais e de inflação é crucial para manter a confiança da população em geral.
Puxando para um grupo mais específico, a sincronia entre esses três elementos tende a afetar diretamente as decisões dos investidores. Para entender como isso funciona na prática, considere um cenário econômico de hiperinflação.
Nesse contexto, um aumento desenfreado dos preços obrigaria o governo a elevar a Selic, usada para controlar o avanço da inflação. Diante desse panorama, investimentos em ativos de renda fixa, por exemplo, se tornam mais atraentes.
Já com o câmbio em alta, podem surgir boas oportunidades para apostar em empresas vendedoras de commodities, que podem ter receitas mais altas.
Um cenário de déficit fiscal, por sua vez, pode forçar o governo a emitir títulos públicos, a taxas atrativas, para financiar seus gastos.
Sendo assim, entender como funciona o tripé macroeconômico ajuda os investidores a tomarem decisões mais fundamentadas, de modo a aproveitar oportunidades conforme o momento econômico.