Quais indicadores vale a pena acompanhar para planejar seus investimentos?
A economia tem altos e baixos que afetam diretamente a rentabilidade dos investimentos. Embora não seja possível prever o futuro, existem diversos indicadores que podem dar uma ideia de quais são as tendências do período e, a partir disso, é possível adequar a sua carteira de ativos para buscar crescimento do patrimônio e proteção contra a inflação.
“É importante utilizar os diversos indicadores para entender qual tipo de investimento pode ter melhor desempenho naquele momento da economia. Pode ser que ela esteja em um ciclo positivo para ativos de maior risco, como ações. Ou, ao contrário, dar a ideia de que está em um momento de desaceleração no qual fará mais sentido procurar ativos de renda fixa atrelados à inflação ou pós-fixados”, comenta Bruno Komura, analista de renda variável da Ouro Preto Investimentos.
Komura selecionou quais indicadores vale a pena acompanhar para planejar seus investimentos, de acordo com o “humor” da economia que eles sugerem.
Em quais indicadores ficar de olho
Para Bruno, o principal indicador que sempre deve estar no radar dos investidores é o PIB (Produto Interno Bruto), que é a soma das riquezas produzidas pelo país no ano. “Toda semana o Banco Central disponibiliza o Boletim Focus, que mostra a expectativa dos analistas do mercado. A partir das revisões sobre o crescimento ou queda do PIB é possível entender se a economia está aquecendo ou não”, explica o analista.
Segundo ele, ao observar o PIB é possível ter uma ideia do que acontecerá com a taxa de juros – a Selic -, outro importante termômetro da economia. “Com a Selic baixa, como temos visto nos últimos anos, a renda fixa fica menos atrativa, levando o investidor para produtos de maior risco, como as ações, em busca de melhor rentabilidade”, afirma.
Como um dos objetivos principais de uma carteira de investimentos também é proteger o valor do patrimônio ao longo dos anos, deve-se sempre dar atenção aos índices de inflação. “Na economia nós temos o núcleo da inflação, que mostra como a moeda se desvalorizou no em relação à economia, e temos indicadores como IPCA e IGP-M que servem para ajustes de preços nos diferentes setores da economia. A inflação geral costuma ter mais influência sobre o mercado financeiro e é importante o investidor acompanhar. Já a inflação relacionada a alimentos e combustíveis, por exemplo, costuma ser vista como passageira por ser influenciada por diferentes fatores, como variação cambial e safra do ano, que trazem muita volatilidade a esses produtos”, esclarece Komura.
Embora, sozinhos, tenham menos força para alterar o humor do mercado, índices como vendas no varejo, produção industrial, confiança dos empresários e taxa de desemprego também podem indicar tendências de aquecimento ou crise na macroeconomia. “Além disso, dependendo do ativo em carteira, alguns desses indicadores podem se tornar obrigatórios para os investidores. Quem tem ações de empresas varejistas, por exemplo, precisará ficar de olho nos números do setor para decidir qual será a sua posição em relação aos papéis”, completa o analista da Ouro Preto Investimentos.
Os fundos de investimento sofrem pressão dos indicadores?
Especificamente em relação aos fundos de investimento, Bruno explica que depende do produto. “Fundos imobiliários tem o mesmo funcionamento das ações e costumam ser atrativos quando a taxa de juros está baixa, influenciada pelo PIB e inflação. Já em relação aos fundos multimercado [que contam com ativos tanto de renda fixa quanto variável], por exemplo, os indicadores ficam em segundo plano e a estratégia do gestor ganha mais protagonismo”, afirma.