Como o Natal se transformou em uma data que move a economia?
Árvore decorada, ceia farta e muitos presentes. Nem mesmo as complicações econômicas e sanitárias trazidas pela pandemia de Covid-19 impedirão o cumprimento das tradições de final de ano: segundo um estudo realizado pela Visa com 500 pessoas em junho deste ano, cerca de 90% dos brasileiros comprarão presentes neste Natal.
A origem das celebrações e do costume de presentear os entes queridos em dezembro remonta às festas para o solstício de inverno e passa pela homenagem ao nascimento do deus Mitra, feita pelos romanos. Mais tarde, por volta de 221 d.C, o aniversário do deus persa foi substituído pelo de Jesus, mas as tradições continuaram.
Ao longo de vários anos, a incorporação de elementos das festas de outras culturas, como o Yule — celebração dos povos nórdicos em homenagem ao solstício, que contava com decorações coloridas, presunto na ceia e um ser fantástico que distribuía presentes —, formou o Natal como conhecemos hoje.
A tradição de lotar as lojas em busca dos presentes, porém, é muito mais recente do que podemos imaginar. Após a Revolução Industrial, no século 18, os itens trocados deixaram de ter significados apenas sentimentais e passaram a contar com um apelo comercial cada vez maior. Hoje, o Natal é uma data que move a economia. Segundo o Compre & Confie, o faturamento no ano passado chegou a R$ 14 bilhões, 30% a mais que 2018. Para este ano, apesar do novo coronavírus, a expectativa é que os números continuem subindo.
Presentes no Natal: uma data para o varejo
De acordo com um levantamento feito pela Social Miner em parceria com o Opinion Box, entre os candidatos a presentes neste ano destacam-se os itens de moda e acessórios, com 56% das intenções de compra, seguidos pelos brinquedos, com 37%; e saúde e beleza, com 32%.
Esses são itens bem distantes do ouro, da mirra e do incenso oferecidos, segundo a tradição cristã pelos três reis magos para o reconhecimento da divindade, da humanidade e da realeza de Jesus, certo?
A decoração utilizada na data também tem origens comerciais. As esferas coloridas que são penduradas nas árvores, por exemplo, foram popularizadas quando F. W. Woolworth, o dono de uma loja de departamento, começou a importar os ornamentos da Alemanha e vendê-los a preços baixos nos EUA.
As lojas de departamento, aliás, são responsáveis pela popularização das chamativas e criativas decorações de Natal nas lojas. Com o tempo, o “estilo natalino” foi adotado pelos consumidores e levado para suas casas.
Nem mesmo o papai Noel, um dos grandes símbolos da data, escapou de um “makeover” capitalista: a figura histórica do bispo Nicolau, que deu origem à lenda do bom velhinho distribuidor de presentes, foi substituída pelo personagem rechonchudo que conhecemos a partir de 1930, quando o ilustrador Haddon Sundblom criou imagens a óleo do personagem, que ficaram popularizadas e conhecidas mundialmente por meio dos anúncios da Coca-Cola.